Há pelo menos 12 anos escrevendo sobre energia elétrica, ainda não havia conhecido o símbolo brasileiro de maior autoridade nessa área, seja por falta de oportunidade, seja por contratempos quando esta aparecia. No entanto, conhecer a maior usina hidrelétrica do mundo (em geração, já que em tamanho ela foi ultrapassada pela chinesa Três Gargantas) era algo inevitável – eu sabia – e estava ansiosa por isso. Itaipu Binacional é patrimônio histórico, cultural, técnico, científico e ambiental, tanto que sua grandiosidade foi reconhecida e ela figura hoje na lista das sete maravilhas do mundo moderno.
A oportunidade, então, veio. A participação em um evento focado em sistemas elétricos (SBSE 2014), realizado em Foz do Iguaçu, me rendeu, além de preciosos conhecimentos e contatos feitos durante o simpósio, a chance de conhecer Itaipu em uma visita técnica. Quero deixar claro que meu objetivo aqui não é “rasgar seda”, gastando este espaço tecendo inúmeros elogios à usina, mas quero registrar meu encantamento com uma grande obra da engenharia brasileira e que deve ser enaltecida. Por que não?
Os números são impressionantes. Com obras iniciadas em 1975, a primeira unidade geradora entrou em operação em maio de 1984, há exatos 30 anos. Atualmente, são 20 unidades de geração e 14.000 MW de potência instalada. Cada uma dessas unidades produz energia suficiente para abastecer uma cidade com 2,5 milhões de habitantes. A barragem conta com um desnível de 120 metros de altura, de onde a água despenca, permitindo a operação das turbinas.
Para se ter uma ideia, a construção da usina consumiu 12,7 milhões de m³ de concreto, volume suficiente para construir 210 estádios de futebol como o Maracanã!
Os vídeos institucionais exibidos para turistas do mundo inteiro mostram estes e outros números, que emocionam e produzem nos brasileiros aquele orgulho de ter uma obra desse porte no país. No entanto, o que mais comove é a sensação de estar dentro de um imenso vão do rio, separado por densas paredes de concretos (com espessuras de até 20 metros), a poucos metros do basalto (característica geológica natural dessa região do rio Paraná) que sustenta a barragem. Ou a expectativa de ver surgir o vertedouro através de uma iluminação artística que Itaipu, oportunamente, transformou em um espetáculo. Ou ainda perceber a minúcia dos detalhes que separam em exatas duas partes a usina: a parte paraguaia e a brasileira.
Erguer Itaipu, certamente, teve consequências negativas. Não se sabe quantas mortes custou sua construção, nem a dimensão exata dos impactos socioambientais, mas ela é, sem sombra de dúvida, um imponente e monumental fruto da engenharia.
Nos dias atuais, talvez sua edificação não fosse permitida, embora ela seja uma usina a fio d’água, mas é fato que, com um país continental como o nosso e com 200 milhões de brasileiros, fica difícil imaginar a vida por aqui sem Itaipu Binacional.
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